sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Panfleto Anti Bicicleta foi feito com dinheiro Público

Reportagem revista Época 12/07/2012.

Mais Bicicletas, mais acidentes

O Diário Oficial do Estado de São Paulo, veículo jornalístico editado pela imprensa oficial do governo paulista, noticiou dia 12/07/12, que o aumento do número de pessoas pedalando nas ruas de São Paulo fez aumentar o número de acidentes envolvendo ciclistas e, por tabela, elevou também os gastos públicos com saúde. Utilizando como fonte principal o chefe do grupo de trauma ortopédico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, Jorge dos Santos Silva, a autora da reportagem finaliza o texto com um depoimento questionável do médico. Da fala completa separamos esta frase: “Para não colocar a vida de quem pedala em risco, recomendo não usar a bike no trânsito de São Paulo”. Em um box correlato à matéria, a jornalista oferece dicas de segurança ao ciclista tendo como fonte a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O título do box é o que segue: “Não seja a próxima vítima”.


Se esta fosse “apenas” uma reportagem ruim, mal apurada, sensacionalista e tendenciosa, já mereceria uma crítica. Mas esta reportagem não é apenas ruim: ela é um panfleto anti-bicicleta feito com dinheiro público. E esse fato, mais que uma crítica, merece uma reflexão.
Mas, será mesmo que a culpa é do ciclista? Os ciclistas estão sendo feridos e mortos e não é por caírem sozinhos e sim pelo motivo de falta da infraestrutura, campanhas educativas, sinalização e fiscalização.

Mais bicicletas, menos acidentes

Os erros da matéria começam pelo título. Um estudo dos lugares mais seguros e mais perigosos para se pedalar na Grã-Bretanha, divulgado em 2009 , mostrava que a taxa de acidentes com ciclistas costuma ser mais baixa onde há mais bicicletas circulando.
O estudo sobre segurança viária de ciclistas Safety in Numberscitado pela Transporte Ativo , demonstra que ”consideradas diversas circunstâncias, se o uso da bicicleta dobra, o risco individual de cada ciclista cai em aproximadamente 34%”.
E por que isso? Por dois motivos principais. Em primeiro lugar, quanto mais bicicletas nas ruas, menos elas passam desapercebidas. Os motoristas se acostumam a vê-las, a resistência à sua presença diminui, as pessoas nos carros cada vez mais sabem como reagir ao encontrá-las. Em segundo lugar, e talvez mais importante, cada vez mais as pessoas que dirigem passam a conhecer pessoas que pedalam, seja um amigo, um parente, um colega de trabalho. E passam a entender que aquele ciclista ali na frente também é uma pessoa, não um obstáculo.

Em resumo a mensagem da Matéria do Diário Oficial, é que se você estiver pedalando e um carro passar perigosamente perto de você,  a culpa é sua, não do Motorista que desrespeitou a lei de transito e colocou deliberadamente sua vida em risco.

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